O Poder Curador do Perdão — Quando Soltar é Se Libertar

O poder Curador do Perdão

Perdão e Cura

Imagem criada por IA sob direção conceitual de Bruno Melos.

Há dores que não passam sozinhas. Há lembranças que continuamos sentindo, mesmo quando tudo já terminou do lado de fora.

A mágoa não mora no acontecimento. Ela mora no lugar dentro de nós onde aquilo ecoou.

Perdoar não é esquecer. Não é fingir. Não é dizer que não doeu.

Perdoar é parar de se ferir todos os dias pelo que já aconteceu.

Quando guardamos ressentimento, não estamos segurando o outro. Estamos segurando a dor.

E o corpo sente isso. Ele contrai. Ele endurece. Ele respira curto. Ele tenta se proteger o tempo inteiro.

A medicina psicossomática confirma: emoções não digeridas se tornam dores físicas.

Gastrite. Ansiedade. Insônia. Peito apertado. Tristeza sem nome. Cansaço sem motivo.

Não porque somos fracos. Mas porque estamos carregando mais do que conseguimos sustentar.


Perdoar não é se afastar.
Perdoar não é romper vínculos.
Perdoar não é excluir ninguém da história.

Perdoar é soltar a ferida, não a pessoa.

Não estamos falando de encerrar ciclos à força. Não estamos dizendo para abandonar quem se ama. Não estamos falando de apagar histórias.

Estamos falando de libertar o coração da prisão da dor.

A relação pode continuar. O amor pode continuar. A construção pode continuar.

O perdão não é o fim de um vínculo. É o fim do sofrimento dentro dele.


Existe um relato marcante de um sobrevivente judeu do Holocausto. Ele disse:

“Enquanto eu não perdoei Hitler, ele venceu todos os dias dentro de mim.”

Ele não perdoou para aliviar o outro. Ele perdoou para parar de reviver o trauma.

Perdoar não é dizer “estava tudo certo”. É dizer:

“Eu não deixo isso me ferir mais.”


Perdoar é voltar ao corpo. É permitir que a respiração volte a ser comprida. É permitir que o peito volte a abrir sem medo. É permitir existir de novo no presente.

Não é rápido. Não é fácil. Mas é o caminho que devolve a vida para dentro de nós.

Perdoar é se libertar. E quando nos libertamos — tudo ao redor respira junto.

-Bruno Melos


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